quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tell me, did you notice our antlers always mix up?

Não muito tempo atrás, num momento de frustração, alguém me disse que eu esperasse com calma, que o mundo dá voltas e que ele havia aprendido na prática que isso e tempo são a melhor solução. Esse não é um post de grande importância, é só para deixar registrado que essa pessoa estava certa. A minha frustração era até bem fundada, mas eu me decidi por considerar o conselho. Bem, logo em seguida, algo que tinha muito mais importância que a causa da frustração, mas que eu esperava há tanto tempo que até havia me esquecido, aconteceu. Eu queria agradecer de alguma forma, e só encontrei isso.

"In a quiet corner of your mind
you will see me, you'll see me
maybe not just now, but over time
you will need me, you will need me
yes, you will
yes, you will"

Estava certo de novo, Magne. =)



terça-feira, 31 de agosto de 2010

Um pacotinho de embalagem ainda indefinida.

"Ele não sabia por que escrevia. Na verdade, acontecia raramente, porque pensava que sempre lhe faltava a tão famigerada inspiração. Lendo uma dessas frases por aí (frases que me estranham muito ainda não estarem à venda numa prateleira de supermercado), imaginou ter descoberto que só se escreve quando o poder de dentro é maior. E foi. Nunca tinha dito que fosse fácil ou difícil. Só sabia que precisa de algo a mais, que precisa tirar do abstrato tudo aquilo que a boca articulava e não conseguia dizer. Acha que até hoje não sabe. E na verdade não sabe mesmo. Mas, tenta. Tenta pra ver se aquela pressão interna, que molha os olhos e fura aquele buraco imenso no meio peito, diminui. Não gosta da pausa que a maior parte dos então chamados escritores hoje fazem.

Aquela pausa, que mais parece com falta do que dizer, que começa a ler o escrito do começo pra ver se encontra algo legal ou sensitivo pra continuar. Não era sensitivo com as palavras faladas, como aqueles que parecem ter a boca cheia, borbulhando de tanto verbo querendo sair. Não, sentia tudo, porém pouco conseguia continuar um texto com mais de cinco linhas. Era doído, doído que chegava a doer em quem estivesse perto. Mas quem estivesse perto também teria que ser sensibilíssimo pra ver e entender como era tão sangrado. Tentou de tudo também. Procurou, procurou, tentou e nada. Fico pensando que por dentro devia ser tão vazio que ficava tentando se preencher com tudo que chegasse ao seu conhecimento. Mas nem era.

Era vontade de não continuar focado em uma pessoa só. Era vontade de deixar rolar, de parar de apanhar da vida, de não sentir mais a força desses socos que a vida dá. Parecia ter conseguido, mas nem tinha. Ficava esperado um fim de tarde, um daqueles de Caio Fernando de Abreu, com os braços mais abertos que do próprio Cristo e esperando algo com tamanha grandeza. Raramente achava e quando achou, doeu de novo. Sangrou mais um bocado. Pensou até que era ele quem estava desajustado ao mundo, mas, você sabe que não era, não é, Zezim?

De vez em quando, a gente começa a enxergar umas pessoas na vida da gente que estiveram sempre ali, mas que a gente nunca notou. E então a gente começa a cavar o buraco. É bom até que a eternidade termine, até que o silêncio não apavore, até que a ausência não deixe a gente imóvel. Pois tinha deixado. E deixado mesmo. Apavorado, imóvel. Ausente dele mesmo, coitado. Pensava ele que nem tinha aquela intensidade, que não deixaria com aquele gosto doce e forte desses cafés que a gente toma por aí, numa cidadezinha italiana. Tinha acabado aquela pausa racional, Zezim. A coisa era mais de dentro do que qualquer outro sentimento que você ou eu já encontramos por aí. Era afeição, respeito, lealdade, tudo isso num pacotinho de embalagem ainda indefinida, mas da mais pura das purezas, cara.

Chorei o Atlântico inteiro depois de olhar pra ele e ter imaginado tudinho que eu acabei te de dizer, antes de ele falar o alfabeto inteiro pra mim, com todas as fusões de letras e todo o sofrimento de cada palavrinha que ele tentava montar do jeito mais doce, pra que eu não pudesse pensar que a outra pessoa que estava nesse barco com ele fosse o pior. Até porque não era, Zezim. Disse ele, que aprendeu demais, que apesar dos pesares, nunca foi tão racional. Fantasiava às vezes, como todo humano faz e faz até sem saber que faz e queria mostrar o tempo todo que tinha sido bonito. Mas, bonito de uma maneira real, sabe? Sabe aquele bonito, simplório do dia a dia? Aquele sentimento que está no lugar errado e fica feio ali, mas que quando está no banco certo, ao lado da pessoa certa, fica a coisa mais doce do mundo? Você sabe, Zezim.

Você também já achou que o amor fosse procê. E do mesmo jeito que você descobriu que pudesse estar errado, ele tinha descoberto. Ele nem gostava de dizer que amava. Falava que gostava demais, que precisava daquele olhar o tempo todo sobre ele pra não sentir que a coisa fosse unilateral. E teve. Por algum tempo teve. E gostava, se sentia a pessoa mais bem presenteada do mundo por aquilo. Disse também que conseguia tirar beleza de qualquer palavrinha dita por dizer, que o que a gente chama de bonitinho hoje, era o alimento dele por dias. Mas que não amava. Que amar era forte demais, que ele nunca saberia se amou ou não, porque acha que não existe.

Tadinho, Zezim. Estava numa insegurança que me deu pena. Mas, ainda tinha esperança do outro aparecer, de dizer aquelas coisas que só se tornam bonitas se forem ditas pela pessoa certa. Era quente, terno, profundo, que dava vontade de cortar ele em pedaçinhos pra ver se dava pra distribuir aquilo pro mundo.

Foi ficando sem sal pros amigos e os amigos foram ficando sem graça pra ele. Gostava da casa escura, silenciosa, só do barulho do lápis no papel enquanto tentava passar pra folha, aquilo que estava preso dentro de si e se negava a sair de alguma maneira. Porque à tona, à tona já tinha vindo, cara. Acho que o outro se convenceu tanto disso, que resolveu empurrar pro lado, com medo de ser tão gostado e tão respeitado. Mas, isso eu não te afirmo, porque o outro também me pareceu o querer muito. É que nem aquelas coisas que a gente lê e duvida que outro escreveria só por escrever. Ele ficou horas me contando o que os dois falavam e não deu pra acreditar que o outro fosse oco. Outra pessoa não teria nem chegado nesse ponto da nossa conversa por achar que o cara fosse um biruta.

E talvez até fosse. Mas, sabe aquela pessoa que tenta o tempo todo
fazer as coisas do jeito mais coerente possível? Ele era um deles. E se entregava demais, apesar disso. E sofria, sofria... Mas queria sofrer por conta de alguém que pudesse pegar tudo dele e absorver sem preconceito. Alguém que fosse lá no fundo e arrancasse toda a inteligência, que quisesse saber de tudo, até das coisas mais sacanas. E enquanto falava, pedia pra eu escutar como se quisesse passar o tempo até que o outro aparecesse. Fiquei doendo, Zezim. Mas doendo de vontade de sentir aquele sentimento que a gente não consegue escrever. Senti e tinha cheiro de desejo, soava como soa rock pesado quando a gente está fazendo amor com quem a gente gosta. Ô, Zezim... Se ele soubesse que vai demorar um tanto até que isso passe... Que talvez quem ele tanto espera nem volte mais e que quando uma pessoa gosta e quer mesmo a gente, essa pessoa faz de tudo, até uma ponte no meio do oceano..."



Escrito pela destemida Barbara Cyrilo.

ps. Não é a toa que me orgulho de você, hein, bitch? =D

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Hey, I wish I cared.

Simples assim, I wish I cared. Porque, sabe, eu não me importo. De verdade. Estranho, mas não me importo mais. Isso atrapalha, às vezes, magoa os outros, incomoda a mim mesma, mas... me importar para que?! Não faz muita diferença, mesmo! Não que eu vá desistir daquilo que me interessa, mas, sobre todo o resto, why should I care, babe?

Se essa é mais uma daquelas lições estúpidas que eu dou a mim mesma? Talvez. Não pode ser realmente considerada uma lição, however, é mais uma constatação natural e impossível de mudar. Não que eu realmente queira mudar. Só às vezes, mas bem raramente mesmo.
Então, é, sometimes...

I wish I cared,
yes, I really do.

Or not.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Watery life.

It's always rainning, drop, drop, drop, and you can never see it. Drop, drop, drop. But just because you don't see it, it doesn't mean it's not there. Drop, drop, drop. You're blind, and blind are those who don't wanna see. Drop, drop, drop. It's rainning. It'll never stop just because you're not there to watch it. Drop, drop, drop. It's still rainning. Drop, drop, drop. It never stops, ever. Drop.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Nota mental.

Volte a escrever.

URGENTEMENTE!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

One day in your life, you'll need to ask yourself. - part 2.

"
your hair from brown
to blonde, red,
or even black (to make a point)

if I changed
the way you sit

the shape of your mouth
and the words that come out of it

if I changed
what you say
how you think
how you move
your smile

the way you brush your hair
how you touch yourself
how you touch me

if I changed
everything about you
and turned you into
someone else

would I love you the same?"


- mf

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Silêncios pontuados

Sentada ali naquele sótão que se mostrava escuro em todos os sentidos, passava todos os momentos que, escapulindo sorrateiramente, conseguia ficar sozinha. Ninguém mais ia até lá, o ambiente sombrio e os móveis escuros espantavam a todos, menos a mim. Também não haviam espantado a ele, e por isso mesmo se tornou nosso paraíso e, então, cemitério. Agora eu me sentava ali, entre as lápides das nossas lembranças, e escrevia na velha máquina sobre todos os suspiros compartilhados de que me recordava.

Certa vez, ele entrara e me encontrara ali numa situação semelhante, mas não era sobre nós que escrevia. Tentava criar algo que não o tomasse por base em uma interjeição sequer. Vã tentativa, eu já estava envolvida demais. Nunca cheguei a amá-lo, verdade, mas dizia ele sempre que me havia seduzido como Johannes seduz Cordélia: jamais se insinuou ou fez qualquer movimento brusco, deixava a meu encargo toda a mudança. Ele gostava dessa comparação, mas garantia-me que a nossa história não terminaria como a do esteta Johannes e sua apaixonada Cordélia. Dizia ainda que a nossa jamais teria fim, diferentemente da obra de Kierkegaard.

Nesse dia, entrou sem dizer palavra enquanto eu me ocupava de inventar um universo paralelo. Acomodou-se no velho sofá à outra ponta do aposento de teto baixo e inclinado. Pela janelinha redonda de vidro entrava a cinzenta claridade outonal. Perguntou-me:

- De que te ocupas hoje, chérie?

- De algo que não o envolva. - respondi sem levantar os olhos de meu trabalho.

- E está dando certo? - inquiriu-me com educada curiosidade.

- De forma alguma. A vontade se esvaiu por completo quando adentrou por aquela porta com teus silêncios insondáveis. - disse sem ainda lhe dirigir o olhar.

- Oh, não! Lembra-te de Jane Austen nesses momentos, sim? "Não estou com vontade alguma de escrever, devo escrever até estar."

- E quanto a você? - finalmente permiti que meus olhos pousassem sobre ele.

- Ficarei feliz em te observar em silêncio. - sorriu. E então nem mesmo a própria Jane Austen me faria voltar meus olhos ao meu enfadonho trabalho.

Tudo começara tempos antes, quando me surpreendeu ali logo que fugi da visita que ele e mais alguns faziam à minha família. Havia ele, também, escapulido da conversa monótona e achou meu esconderijo. Não vi nenhum calafrio percorrer-lhe o corpo ao entrar em meus domínios, e não retrocedeu um milímetro sequer, e foi só por isso que por fim o notei plenamente pela primeira vez na vida.

Passou a visitar-me em meu próprio território quase que diariamente e nunca foi notado por outrem. Sentava-se mudo e nunca me olhava. Eu pensava sempre que, como eu, ele também necessitava de um esconderijo onde pudesse trancar-se em si mesmo sem correr o risco de alguém tirá-lo de lá a força. Enganei-me. Quando finalmente pronunciou-se, depois de meses de meditação muda, sua frase pegou-me despreparada.

- É necessário beber o prazer a lentos tragos. - disse simplesmente, olhando-me pela primeira vez. A frase tirou de Diário de um Sedutor, Johannes era seu herói predileto, Kierkegaard era seu ídolo. Compartilho, hoje, dessa paixão. À ocasião, no entanto, não fazia idéia sobre nenhum dos dois. Ainda assim, seu pronunciamento causou-me tamanho efeito que cheguei até a vislumbrar o que estava por vir. Entretanto, nem mesmo tentei me esquivar.

Quando criança, no sótão eu me escondia das realidades alheias, nada me perturbava dentro do armário empoeirado, nem o sobrenatural. Agora, ali, no mesmo lugar, tentava eu me livrar da minha própria realidade despejando-a no papel.

Fui, então, rudemente interrompida pela entrada dele. Arfava, os cabelos estavam em desordem.

- É esse o fim da nossa história? - perguntou-me, após tantos anos de silêncio, com ar desolado, os olhos esbugalhados em desespero e súplica.

- Cala-te. Falta apenas colocar o ponto final.

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"I am my own idea before and after I had it" (Magne f.)